Galo joga para levar
R$ 500 mil neste sábado
Título na Copa Paulista e a consequente classificação para a Copa do Brasil garantem respiro financeiro
FÁBIO PESCARINI - Agência Bom Dia
No pé esquerdo do garoto de nome extravagante Mike dos Santos Nenatarvicius está depositada neste sábado (19) a esperança de um futuro mais tranquilo para outros tantos jogadores que, como ele, vestem uniforme tricolor nos fins de semana. É que a classificação do Paulista para a Copa do Brasil, em jogo esta noite, significa ao menos R$ 500 mil a mais no caixa do clube no primeiro semestre de 2012.
O time de Mike e companhia decide neste sábado, às 19h, o título da Copa Paulista (veja mais na página 25) contra o Comercial, em Ribeirão Preto. Mais do que a taça, a segunda seguida do torneio, a conquista do campeonato que no início parece mais um tapa buracos aos que não disputam nenhuma série do Campeonato Brasileiro, vale uma vaga na Copa do Brasil em 2012.
E com a competição nacional surgem as cifras e a visibilidade que o clube jundiaiense conheceu bem ao conquistar o título em 2005.
Agora em 2011, só para jogar duas fases na Copa do Brasil (o time passou pelo gaúcho São José e foi eliminado pelo Atlético-PR), o Paulista ganhou R$ 200 mil em cotas de participação e televisão (R$ 100 mil por cada etapa). Mais do que suficiente para bancar um mês de salários de todos os jogadores e integrantes da comissão técnica do elenco que joga a final da noite deste sábado – o custo atual do time é estimado em R$ 150 mil.
Calculadora / Se tivesse avançado na competição deste ano, o Paulista teria embolsado outros R$ 250 mil apenas pela participação na terceira fase – o Vasco, que ergueu o troféu no fim do torneio, somou cerca de R$ 2 milhões em premiações e o vice, Coritiba, ficou com aproximadamente R$ 1 milhão.
Mas o Paulista faz outras contas. Para o presidente do clube, Djair Bocanella, o passaporte à Copa do Brasil é garantia para o departamento de marketing do Tricolor faturar R$ 400 mil em cotas de patrocínios. Ou seja, o título deste sábadoà noite vai render ao menos R$ 500 mil ao Galo do Japi, olhando-se a verba arrecadada com a venda de publicidades no uniforme e a premiação apenas para disputar a primeira fase.
A esses valores o clube vai somar os R$ 800 mil já garantidos pela venda de publicidade para o próximo Paulistão e a cota de aproximadamente R$ 2 milhões por disputar a Primeira Divisão do torneio estadual, apesar de já ter resgatado cerca de 60% deste dinheiro para o pagamento de dívidas atuais, como três meses de salários atrasados que chegaram a se acumular no estádio Jayme Cintra.
E tem mais / A Copa do Brasil garante, além da verba de cotas por fase disputada e a chance de assinatura de contratos com novos patrocinadores, algumas regalias. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) custeia passagens aéreas para uma delegação com até 23 pessoas para viagens com mais de 500 km de distância. E quando o percurso for menor, banca ônibus (veja mais privilégios na arte ao lado).
Só para efeito de comparação, para disputar a final deste sábado em Ribeirão Preto, o Paulista calcula que irá gastar cerca de R$ 4 mil com viagem e hospedagens. O valor é 11,5% dos R$ 35 mil arrecadados com a bilheteria no primeiro jogo da final da Copinha, na quarta-feira passada, quando o Galo venceu o Comercial por 2 a 0 em Jundiaí, e a única que valeu a pena em 14 partidas em casa.
E há o futuro. Bocanella lembra que no ano passado o Paulista viajou com seu time reserva para enfrentar o São José em Porto Alegre e foi lá que o lateral-direito Weldinho teve a chance de mostrar que não era apenas mais um no campo. Apesar da derrota por 1 a 0, o jogador encantou a diretoria do Internacional, que deu início a um leilão vencido pelo Corinthians, onde o atleta revelado no Jayme Cintra está até hoje. “A Copa do Brasil dá visibilidade”, diz.
E também garante uma negociação mais tranquila para a renovação de contrato dos jogadores que podem ser campeões hoje. Afinal, o time vai disputar o Estadual mais cobiçado do país e o torneio nacional que, em 2005, proporcionou ao time o título mais importante da centenária história do clube e uma inédita vaga para a Copa Libertadores.
Planejamento é audacioso
Por volta de 22h, quando os jogadores saírem do vestiário do estádio Santa Cruz (campeões ou não), o Paulista já pensará no planejamento que começa a ser colocado em prática na próxima semana e poderá terminar em meados de 2014, durante a Copa do Mundo no Brasil.
O clube, que no ano que vem será obrigado a caminhar com as próprias pernas depois do fim da polêmica parceria com o Campus Pelé, tem planos ousados, mas fincados no chão. Aliás, na terra batida que substituirá a grama do Jayme Cintra a partir dos próximos dias.
A reforma do gramado é o primeiro passo. “É com ele que pretendemos convencer o Comitê Organizador da Copa do Mundo de que temos um bom local para treinamentos de seleções”, afirma o presidente Bocanella.
É também a partir da semana que vem que a diretoria do Paulista vai de chapéu na mão marcar reuniões no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e na ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Jundiaí para tentar vender ingressos para os jogos do Paulistão a empresários. A meta é chegar a uma média de
6 mil pagantes por partida e uma arrecadação bruta na casa dos R$ 2 milhões. Somado aos
R$ 800 mil que já tem em patrocínios, o valor é suficiente para manter o clube nos quatro primeiros meses do ano. Isso sem contar com os frutos de uma classificação para a Copa do Brasil.
Joga, Paulista / A próxima etapa será na bola. Voltar a disputar o Brasileirão é uma questão de honra e financeira. Há dois anos sem sequer conseguir uma vaga na Série D (a última divisão do torneio nacional), o clube não consegue planejar o segundo semestre e, assim, tem dificuldade para assinar contratos longos de patrocínio.
A derrocada na competição coincide com a parceria que levou o nome do Rei Pelé e foi gerenciada por um banco de investimentos. Segundo Bocanella, a gestão de aportes financeiros equivocados levaram dos sucessivos rebaixamentos ao ostracismo nacional.
Em 2007, ano da queda da Série B para a C, lembra o dirigente, o Paulista tinha um orçamento médio de R$ 750 mil, contra R$ 850 mil do campeão Coritiba. “Gastamos errado. Com um dinheiro desses faríamos misérias hoje”, diz.
Mas para alcançar o Campeonato Brasileiro novamente é preciso fazer um bom Paulistão. Por isso, o clube trabalha para manter a base do time que disputa a final de hoje. “Claro que vamos precisar de alguns reforços, mas largamos na frente. Os testes que teríamos de fazer já foram realizados nesta Copinha.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário