Vida dura essa de juiz
Mesmo sem os vencimentos elevados de árbitros federados, o interesse pela atividade cresce em Jundiaí na mesma proporção da necessidade de mais segurança
arquivo pessoalPresidente da Arad: em defesa da categoria
Carina Reis e Larissa Quintino
Agência BOM DIA
Ser ofendido todos os finais de semana. Receber ameaças de morte, infundadas ou não. E às vezes até levar uns sopapos. Essa é a vida de um árbitro do varzeano. E aí? Está a fim? Por mais surpreendente que possa parecer existem pessoas interessadas nesse trabalho. Tantas que exige até fila de espera na Arad (Associação Regional de Arbitragem Desportiva) para fazer o curso, que não é realizado desde 2009.
Um dos atrativos pode ser a grana extra. Mas segundo Antônio Francisco Costa, presidente da associação, não é o único motivo. Para ele, fazer uma partida acontecer é na verdade um grande prazer.
Mesmo assim, a arbitragem raramente costuma ser o emprego oficial. Mesmo quem trabalha federado ganha mais de R$ 2,5 mil por jogo apitado e ainda assim tem outras atividades profissionais. Imagine então os árbitros e assistentes que trabalham no futebol regional e recebem, no máximo, R$ 100,00 por jogo. É um valor que serve apenas para complemento de renda.
Costa explica que entre os integrantes da associação figuram metalúrgicos, advogados, dentistas, educadores físicos, pintores de paredes e outras categorias. “Temos aqui todo tipo de profissionais. Basta que tenham condições para exercer a função dentro de campo”, afirma.
Entre essas condições estão quesitos importantes como o condicionamento físico, a qualificação técnica e a disciplina.
Quebra-pau / Um dos motivos para a ocorrência de violência nos campos, afirma, é a escalação de árbitros que são contratados sem saberem minimamente fazer um relatório.
“Não é preciso fazer ouvidos de mercador. Se o árbitro tem conhecimento, é inteligente, gosta do que faz e tem preparo físico, não tem porque levar na cara. Quando vê que o ambiente não está seguro para um jogo, ele volta para casa. Quando eu era diretor de árbitros da Liga Jundiaiense de Futebol Amador não tinha jogo quando não havia segurança”, diz.
Com essa experiência anterior, todos os árbitros da Arad são orientados a não apitar jogos quando a proteção estiver precária. Ponto para a Prefeitura de Jundiaí, que hoje é avaliada por ele como parceiro que auxilia bastante nisso e dá uma excelente estrutura para a arbitragem.
Para Marinaldo Silvério, coordenador de futebol da Secretaria de Esportes e ex-arbitro, no Amador a dificuldade é a proximidade com os atletas. “A gente encontra os jogadores na igreja, na feira, no shopping e eles vêm cobrar o lance do fim de semana. É muito mais fácil apitar um jogo profissional”, afirma.
Ele lembra de um jogo de semifinal, na década de 80, quando precisou esperar mais de uma hora pela chegada da polícia para poder sair de campo. “Apitei um pênalti contra a equipe que precisava ganhar e não deixaram bater. Então precisei acabar o jogo porque queriam me ver morto”. Mas uma semana depois do incidente, atletas que protagonizaram o “barraco” vieram até ele e pediram desculpas. “Eles reconheceram que estavam errados, na hora o sangue é muito quente mesmo”, define.
Cuidado na escolha de árbitros não evita todos os problemas no futebol amador
O medo de represálias evita nomes nas histórias citadas pela Associação de Arbitragem. Mas os efeitos da paixão esportiva também levam a Liga Jundiaiense de Futebol Amador a contar com árbitros de cidades como Itatiba, Cajamar, Caieiras e Jordanésia entre seus donos do apito.
O presidente da liga, Toninho de Oliveira, diz que as chamadas ocorrem pela qualificação. “Não que faltem árbitros bons em Jundiaí”, destaca. Além do pagamento, de R$ 70 a 100 por partida, a verba quinzenal da prefeitura ajuda com gasolina e pedágio de quem vem de fora.
Apesar disso, na semana passada, o árbitro e um dos assistentes que fariam os jogos da manhã e tarde no Centro Esportivo Aramis Polli não compareceram, o que suspendeu jogos de Vila Marlene, São Camilo, Sorocabana e Rui Barbosa. “Se tivessem avisado até 6h da tarde de sábado eu conseguia substituir”, diz Toninho.
Copa 2014 já alimenta sonhos dos árbitros
Para envolvidos com a atividade em Jundiaí, o maior evento do futebol mundial aumenta o interesse da categoria por aperfeiçoamento e também estimula entidades a defenderem a integridade dos árbitros em campo
Nem tudo é sacrifício na vida dos árbitros do futebol amador. Um desses casos é a experiência do bandeirinha jundiaiense Gustavo Rodrigues de Oliveira, que aos 23 anos já faz parte do quadro de assistentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O agora professor de educação física fez o curso de arbitragem em 2006. No ano seguinte já começou a trabalhar na Arad e na Federação Paulista.
Neste ano, após se destacar como assistente, garantiu uma vaga na CBF. E ainda foi consagrado como 3º melhor assistente do Campeonato Paulista entre os 60 que participam do campeonato A-1. “Meu sonho é chegar à Fifa”, afirma com olhos postos na Copa do Mundo aqui no Brasil em 2014.
impunidade? /O presidente da Arad, Antônio Francisco Costa, enfatiza que juiz e auxiliares têm como contornar a questão da violência em campo: um desses recursos é registrar Boletim de Ocorrência.
“No ano passado houve um árbitro daqui agredido em campeonato de outra cidade e ele já está inclusive recebendo indenização dos envolvidos”, afirma.
Na Liga, o presidente Toninho é “mão de ferro” e usa apenas o regulamento para garantir a segurança em campo. “Quem agride é logo excluído do campeonato”, diz, citando um jogador do Rui Barbosa que foi suspenso por um ano.
Vila Marlene recebe Palmeiras neste domingo no Dal Santo
O Vila Marlene, atual campeão e que tem a ponta da tabela, defende essa liderança neste domingo (03) na 6ª rodada da Primeira Divisão do Amador de Jundiaí.
O time enfrenta no Centro Esportivo Francisco Dal Santo, na Vila Rami, às 10h30, o Palmeiras do Medeiros, que desde a contratação de mais um técnico – agora Abner Júnior e Rodrigo Alves dividem a função – tem demonstrado mais força nas jogadas. Chegou ao 7º lugar com duas vitórias seguidas e se recuperou das derrotas iniciais.
Apesar de ocupar o primeiro posto, o Vila Marlene tem os mesmo dez pontos que o segundo colocado, o Estrela da Ponte, que neste domingo (03) enfrenta o Engordadouro de Rubinho e pode ameaçar essa liderança.
Outro destaque da rodada é o confronto entre São Camilo Velho, o time mais atrasado em número de jogos disputados, tendo entrado em campo apenas três vezes. Pega o Jamaica, 3º time da tabela. Às 10h30, o Sanca vai tentar subir no campeonato no Centro Esportivo Aramis Polli, na Vila Hortolândia. Já o Cruzeiro pega o lanterninha Balsan.
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